Sua autoestima vai com você para o trabalho?
Segunda edição da Bem no Trabalho te deseja muito amor próprio de presente de Natal e dá dicas para alimentar (ou não sabotar) sua autoconfiança em 2024
Esta é a segunda edição da Bem no Trabalho, a minha newsletter sobre carreira, bem-estar e conversas ou pessoas inspiradoras. Para quem como eu, está querendo descobrir novas maneiras de trabalhar, ser feliz e ter saúde. Será que dá?
Nesta edição antecipada de véspera de Natal (voltaremos a ser quinzenais em janeiro, prometo) venho compartilhar com você meu principal desejo e o primeiro passo para que você seja verdadeiramente feliz no trabalho em 2024:
Autoestima.
Por que? Eu explico.
Para que você esteja verdadeiramente bem e feliz no trabalho, três fatores são muito importantes:
- que você chegue para trabalhar com autoestima;
- que a sua autoestima permaneça com você durante o expediente;
- que seu trabalho não atrapalhe sua autoestima e que ela volte com você para casa.
Parece simples, né? É um tema tão importante para pensar para o ano que vem que, neste clima de véspera de Natal, vou dizer logo de cara a mensagem mais importante sobre o tema, para ficar bem claro você e não esquecer jamais:
NÃO DEIXE PARA CRIAR AUTOESTIMA NO AMBIENTE DE TRABALHO.
Combinado? Nesse post aqui vou explicar os motivos.
Mas antes, se você gostou, assina aí para apoiar o meu trabalho:
Melhor levar já de casa
Imagine a seguinte cena: uma talentosa (o) e bem-intencionada (o) jovem profissional chega ao primeiro emprego.
Cheia (o) de sonhos, entusiasmo e insegurança: não desenvolveu uma autoestima forte na infância e adolescência (o que é bastante comum, sabia? Fortalecer a autoestima dos filhos é uma moda que os pais só adotaram recentemente em larga escala rs).
E daí a ingênua trabalhadora pensa: agora que vou começar a trabalhar, finalmente vou descobrir meu valor; se sou bom em alguma coisa, como eu me sinto a respeito de mim mesmo. E assim esta jovem chega ao ambiente de trabalho, ansiosa por ouvir as primeiras impressões que seus colegas e superiores terão sobre ela para formar a própria opinião.
Tá percebendo como vai se construindo um cenário perfeito para um final terrível?
Será que todas as opiniões a respeito do trabalho dela (e) serão justas? Provavelmente não. Em vez de uma avaliação qualificada, o jovem pode acabar ouvindo feedbacks contaminados por preconceito (como machismo ou racismo, por exemplo), ou falhas de uma cultura organizacional que estimulam muita competição, fofoca ou sabotagem.
Pode encontrar ainda um ambiente tóxico, ou avaliações enviesadas. Um chefe homem branco que, por exemplo, tende a elogiar mais o colega homem branco parecido com ele, por afinidade?
Trabalhar durante muito tempo em ambientes que te passam essas mensagens negativas diariamente pode ser muito nocivo para a saúde mental. E até para a imagem que você tem de si mesmo, para a sua coragem, sua autoconfiança. Tudo que a gente repete muito, o cérebro aprende.
O que fazer então?
Tal qual uma marmita, o mais recomendado é levar sua autoestima de casa. Diferentemente da marmita, conquistar uma autoestima prontíssima dá mais trabalho: mas é um excelente objetivo para colocar na sua lista em 2024.
Protegida (o) pelo cobertor quentinho do amor próprio, vai ficar mais fácil você diferenciar o feedback valioso com oportunidades de aprender (ninguém nasce sabendo, todo mundo precisa melhorar) do que é só ruído baixo astral. Saiba filtrar.
Autoestima: do que ela se alimenta?
O melhor período para aprender a ter uma autoestima saudável é na infância, de acordo com a ciência. Crescer com adultos que passam a maior parte do tempo menosprezando o comportamento ou criticando a maneira como ela age e pensa pode se refletir em muitas crenças negativas na vida adulta, péssimas para a saúde mental, a saúde física e, consequentemente, também para a vida profissional.
Sabe reconhecer uma pessoa com autoestima baixa? Achei esta excelente descrição nesta reportagem do La Nacion reproduzida pelo O Globo:
Aos 30 anos, Maria* vive à mercê da aprovação dos outros. Seja do companheiro, dos amigos ou dos colegas de trabalho. Ao tomar decisões ou expressar sua opinião, ela duvida se a escolha que fez ou o que pensa sobre determinado assunto está certo. Da mesma forma, hesita e não tem iniciativa para iniciar novas atividades por medo de não se sentir capaz de realizá-las e sustentá-las ao longo do tempo; apresenta dificuldades para construir novos vínculos e estabelecer limites com os outros (tem dificuldade em defender suas opiniões ou se defender quando alguém a trata mal). Muitas de suas inseguranças e preocupações vêm de sua infância. (*nome fictício)
Ai meldels, se reconheceu em algum aspecto da história da Maria? Não há motivo para (mais) desespero.
É possível desenvolver autoestima e autoconfiança na vida adulta. Exige bem mais esforço, é claro, e envolve principalmente buscar autoconhecimento (eu sei que é clichê mas fazer o quê, é verdade) e outras paradas sobre as quais seguiremos aprendendo e conversando por aqui.
Mas uma coisa já dá para aplicar imediatamente: é possível proteger melhor melhor a própria mente daquelas mensagens-cilada e não deixar nenhum ambiente dodói estragar o seu amor próprio, combinado?
O passo mais importante é querer e ir avançando aos poucos, um passo de cada vez. Ó 2024 aí!
Mas antes, uma dica
Claro que eu vou deixar uma recomendaçãozinha para quem quer dar um up na autoestima entre um peru e uma taça de espumante na semana das festas. Vamos lá:
Separei aqui uma dica que ouvi recentemente da Amy Cuddy, pesquisadora, palestrante e professora da Harvard Business School. Ela tem um Ted Talk famosão sobre linguagem corporal e autoconfiança, mas o assunto de hoje não é esse.
Ela ensina uma tarefa rapidinha para você começar a se amar mais e a confiar mais em vossa própria pessoa: autoafirmação não é ficar repetindo “eu sou perfeita, eu sou perfeita, eu vou ser bem-sucedida em tudo e ser dona do universo” quando você não se sente assim, até você se convencer e virar realidade. Se autoelogiar falsamente é a pior coisa que você pode fazer, diz Amy.
A autoafirmação que você procura, nesse caso, é a que vai deixar bem claro para você quem você é. Sacou?
Dá uma olhada no que ela falou sobre isso num podcast há alguns anos, mas transcrevi aqui pra facilitar sua vidinha:
"O importante é reafirmar para si mesmo o que faz de você você. É uma tarefa tão simples, e há inúmeros estudos que mostram que essa simples tarefa ajuda as pessoas a performarem melhor em tarefas que não têm nada a ver com isso.
Então, a tarefa é: primeiro listar os três coisas com as quais você mais se importa. Aquelas que, se eu as tirasse, você não seria mais você mesmo […] E você as escreve, baseada no que você sente hoje. Daí pega a primeira e escreve um parágrafo explicando porque aquilo importa para você. E um segundo parágrafo contando sobre um dia em que você pôde se expressar sobre isso, e como você se sentiu ao fazer isso.
Pronto. Isso é autoafirmação”.
Para ler antes do ano acabar
A BBC cravou: 2023 foi o ano em que os chefes venceram, principalmente na batalha em torno da volta ao trabalho presencial | How bosses won the fight for power in 2023
Já a The Economist vê algum espaço para treta entre empregadores e empregados esquentar em 2024| The fight over remote working will heat up in 2024
Assisti o documentário da Luísa Sonza (não precisa assistir, já te conto o lide). Acredita que ela, dona de uma carreira bem-sucedida, rica magra e loura, tem 4 úlceras? 4 úlceras.
Fiquei pensando se existe algum salário no mundo para mim compensaria ter 4 úlceras e a minha resposta foi fácil: não.
Luísa, bora melhorar essa relação com o trabalho em 2024.
Luísa Sonza sofrendo no trabalho
Fica bem você também! E nos vemos em 2024